Missão

Este blog nasce com um "simples" propósito. Prestar homenagem a Claus Schenk Graf von Stauffenberg, o noble prince que no dia 20 de Julho de 1944 pretendeu pôr um fim na vida de Adolf Hitler. Falhou o objectivo, deu a vida por ele no dia seguinte e, ainda hoje, brilha no céu uma estrela com o seu nome. A homenagem que este blog pretende perpetuar não se cinge a Stauffenberg e estende-se a toda a Deutscher Widerstand (Resistência Alemã). A todos os movimentos, células, homens, mulheres e panfletos anónimos e avulsos que na Alemanha Nazi circularam, choraram em silêncio, gritaram dentro de celas e, porventura, morreram na certeza de que a absolvição os esperava algures. Neste blog, por exemplo. Afinal o propósito não é assim tão simples...
Mas a dor de viver naqueles terríveis anos, sob tão plúmbeo quotidiano, deve ser escrutinada, deve ser exposta e compreendida. Muito cidadão alemão questionou, sofreu e lutou contra o regime nazi. A ideia, hoje generalizada, de que o regime nazi só foi possível com a complacência, conhecimento e apoio da população em geral coloca, deste modo e erradamente, no mesmo saco pessoas como Barthel Schink (elemento crucial do movimento Edelweiss Piraten, de Colónia, enforcado publicamente em Novembro de 1944 aos 16 anos; meses depois da morte de Stauffenberg, note-se) e um qualquer merceeiro que, por medo, ignorância ou pura maldade, recusou constantemente pão a judeus e ciganos. Por saber que a história é escrita pelos vencedores (e doutro modo não poderia ser) e por acreditar que todos estes elementos da Deutscher Widerstand são vencedores e não vencidos, proponho-me através deste blog a divulgar os factos, as pessoas, os acontecimentos mais marcantes da resistência alemã. Naturalmente que este tema obrigará a que se fale igualmente da época em que estes homens e mulheres viveram, aquilo que se denomina geralmente como II Guerra Mundial. Alemães, Soviéticos, Ingleses, Italianos, Franceses, Norte-americanos, Japoneses, Turcos e quantos mais neste conturbado conflito lutaram serão abordados, lembrados e divulgados neste espaço.
Quanto à minha pessoa, que fique desde já claro que não possuo formação nem conhecimentos académicos na área da História (embora tenha frequentado passageiramente o 1.º ano de História...) e que aquilo que me move e me faz escrever e pensar é apenas e somente a minha paixão pelos temas abordados. Não há, portanto, metodologias e critérios e racionalismos característicos da disciplina, apenas interesse e vontade de partilhar. Este blog não pretende ser um espaço académico, de historiadores para historiadores, embora todos sejam bem-vindos a este espaço. Contudo, a seriedade (e aqui posso comprometer-me totalmente) é um dado assente neste processo que agora se inicia. Toda a informação aqui veiculada será atentamente pensada e revista. Qualquer erro detectado será corrigido (e aqui a participação dos visitantes será essencial). As fontes serão citadas, as bibliografias mencionadas. Finalmente, e porque este tipo de blogs a isso de certa forma obriga, que fique claro que espécie alguma de morbidez move este projecto. Nenhuma admiração secreta e perversa respirará nas palavras que a partir de hoje aqui serão escritas (falo por mim, claro; quanto às palavras de terceiros, apenas posso comprometer-me a apagá-las e condená-las sempre que forem insultuosas da memória e do presente). Saudosismos bacocos, perversões mórbidas, voyeurismos sanguinários e fantasias imperialistas serão condenadas.
Postas estas palavras introdutórias, dou por iniciado este blog dedicado à memória de um dos mais importantes períodos históricos de sempre. Por motivos diversos, este será sempre um espaço em constante mutação, os elementos serão acrescentados sempre que o tempo o permitir, textos já existentes serão constantemente revistos e aumentados, nada ficará estanque. Na realidade, devo confessar que nenhuma planificação do próprio blog foi ainda pensada. De momento, o modelo tradicional de blog manter-se-á. A seu tempo, provavelmente, surgirá uma forma mais adequada ao assunto e temas abordados. Qualquer comentário, sugestão ou correcção deve ser feito através do link próprio ou através do e-mail carlosvieirareis@gmail.com.

Geheimes ou Heiliges?

«Es Lebe Unser Geheimes Deutschland» (Vida Longa à Nossa Secreta Alemanha) ou «Es Lebe Unser Heiliges Deutschland» (Vida Longa à Nossa Sagrada Alemanha)? Quais as verdadeiras e derradeiras palavras de Claus Phillip Maria Schenk Graf von Stauffenberg? As opiniões dividem-se quanto ao termo utilizado para adjectivar a Alemanha. Secreta ou Sagrada? Naqueles minutos iniciais de 21 de Julho de 1944, no pátio interior da Bendlerstrasse (rua berlinense onde ficava localizado o Ministério da Guerra e termo que passou rapidamente a designá-lo), no meio dos disparos, envolvidos todos que estavam naquele triste espectáculo, parece difícil de sustentar a ideia de que as verdadeiras palavras tenham tido eco e registo nos que do outro lado das espingardas se encontravam. Na mente de Stauffenberg e dos que com ele morreram certamente. Mas esses caíram. E o silêncio que se seguiu (e que ainda hoje se faz ouvir) certamente teve parte responsável na dúvida que persiste e prevalece.
A versão adoptada (mesmo ostentada!) por este blog é aquela que acredita que, mais do que uma intenção de homenagem e de prestação de serviço eterno a uma pátria amada (recorrendo assim a uma expressão comum), a verdadeira intenção de Claus Stauffenberg foi a de prestar homenagem a uma Alemanha que ele e os seus irmãos Alexander e Berthold, e tantos outros amigos, conheciam, idealizavam e amavam. A Alemanha Secreta de Stefan Anton George. Além de que para Stauffenberg dificilmente aquele momento histórico, aquela pátria que ele calcorreava, de front para front, em constante agonia, mereceriam dignamente o termo "Sagrada". A Alemanha Secreta, pelo contrário, seguiria o seu rumo, mesmo sem contar com ele, Stauffenberg. «Es Lebe Unser Geheimes Deutschland», portanto.